O sintoma mais frequente no dia-a-dia do cardiologista é a dor torácica. E a variedade de apresentações desse sintoma é muito grande, tanto que surge uma dúvida frequente: Quando a dor torácica pode ser sinal de algum quadro grave?
Existem três situações que são onde a necessidade de atendimento e a agilidade no reconhecimento podem determinar a diferença entre a sobrevivência e o óbito do paciente. São elas:
– Infarto Agudo do Miocárdio
– Dissecção da aorta
– Tamponamento cardíaco
O quadro clínico do infarto geralmente é uma dor torácica de forte intensidade, localizada na região retroesternal (atrás do esterno), com caráter em aperto, normalmente desencadeada por um esforço físico ou por uma emoção forte. A duração é variável mas não costuma ser menor que 5 minutos. Essas características são da dor torácica típica porém o infarto pode se apresentar de diferentes formas, inclusive com dores torácicas com características diferentes da dor torácica típica (apresentação atípica – ver artigo “O que é o infarto?”).
Outra condição clínica grave que cursa com quadro de dor torácica é a dissecção de aorta. É quando a aorta, por um hiperfluxo ou pela fragilidade de sua parede, se rompe. A dor torácica que se segue a esses quadros é extrema, geralmente referida como a pior dor que o paciente já teve. Localiza-se também em região retroesternal e possui caráter em “rasgando”. Ela se torna contínua e só costuma cessar quando ocorre a abordagem cirúrgica da dissecção.
Por último o tamponamento cardíaco também é uma situação grave que cursa com dor torácica. É quando ocorre acúmulo de líquido (geralmente sangue) entre as membranas pericárdicas (tecido que recobre o coração). Esse acúmulo impede a adequada expansão das câmaras cardíacas e prejudica o funcionamento do coração como “bomba”. A apresentação clínica do tamponamento é um conjunto de sintomas associado a dor torácica mais bem localizada, com caráter tipo furada ou pontada e piora à inspiração ou ao tossir. A intensidade não costuma ser tão elevada e geralmente ocorre em períodos de exarcebação e atenuação. Esses foram alguns exemplos de dores torácicas que podem ser secundárias a quadros graves e que devem ser identificados de forma precoce. Em caso de dores com algumas dessas características ou de dúvidas quanto à causa de sua dor torácica, procure uma emergência cardiológica o quanto antes para esclarecimento diagnóstico.